Brutalmente assassinado, algo que não merecia. Pelo que foi, o meu coração não pára de latir em silêncio.
Entre nós, tinha se criado um vínculo fortíssimo e estabelecido um pacto informal de confiança mútua, entendíamo-nos só de olhar um para o outro, supria a necessidade de eu ter um amigo e um guardião a postos. Independentemente da sua estatura numa postura de gigante inconsciente da sua pequenez fazia frente a qualquer um... um extraordinário conforto psicológico.
Capaz de encarar todas as pessoas com aquela inocente confiança, que nunca distingue quem o quer bem ou mal...
Lembro me agora das constantes manifestações de satisfação pela minha chegada e presença.
É triste ver alguém com quem crescemos juntos partir, principalmente quando sabemos que foi da pior forma possível.
Era um verdadeiro “SENHOR” e as suas atitudes e postura, ao longo da vida, demonstram-no.
Desta vez quando chegar não hás-de estar lá, mas espero encontrar uma manta desajeitada no chão da cozinha, uma tigela de água rachada na borda e uma porção de ossos enterrados nos vasos da varanda.
Resta a recordação de momentos, como as manhãs, quando saíamos juntos para comprar o jornal e um croissant.
Para além das boas memórias, que aliás são muitas, fica a memória de dois enormes e meigos olhos cor de mel, que nas tardes de Inverno se enrolavam no chão da varanda para apanhar um pouco de sol.
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